Quando pensamos em psicologia ou quando alguém diz que é psicóloga/o logo ocorre uma imagem: uma sala, duas pessoas, uma deitada num divã e a outra sentada num sofá com um caderninho em punho.
Mas a verdade é que esta é somente uma área de atuação da psicologia, uma das outras tantas formas de se trabalhar como psicóloga/o. E gradualmente foi-se ampliando as intervenções possíveis, fora de uma sala inclusive, e além da atuação no individual. Encontramos psicólogas/os educacionais, organizacionais, hospitalares, do esporte, .... e sociais.
Historicamente, o trabalho social sempre esteve associado ao apoio às pessoas em situação de vulnerabilidade financeira através de doação de alimentos, provisão material, óculos, órteses, próteses, sempre na compreensão de atos solidários, filantrópicos e de caridade. Após a promulgação da Constituição Federal, abriu-se as portas para a elaboração de políticas públicas garantindo que as pessoas alcançassem a condição de sujeitos de direitos. Assim, a educação básica passou a ser obrigatória a todas as crianças, a saúde pôde ser acessada por todos os cidadãos e não somente quem contribuísse com a previdência; e a assistência social tornou-se uma política pública, ampliando o acesso às pessoas, sendo vistas como possuidoras de direitos e não “carentes”.
No âmbito individual, o desenvolvimento do ser humano atravessa fases de dependência absoluta e relativa até alcançar a independência e autonomia. Ao contrário do que muitos possam crer, viver independente e autonomamente não está diretamente relacionado a “resolver tudo sozinho”. A independência alcançada implica receber apoio e auxílio de qualquer ordem de terceiros, sejam estes familiares, amigos ou profissionais, em momentos em que se depara com limitações e/ou dificuldades. Tais auxílios não indicam retrocesso da independência alcançada, devem ser considerados e sentidos como necessários naqueles momentos e possivelmente reforçadores das suas potencialidades e habilidades já adquiridas. Ou seja, amplia-se o seu potencial de independência tendo vivido boas dependências, cuidados, mesmo que temporários.
Todos estamos sujeitos a enfrentar situações que podem limitar nossa capacidade de atender as necessidades fundamentais, ocorrências essas que vão além das vulnerabilidades financeiras. São episódios de fragilidade ou necessidade de maior atenção durante o ciclo da vida, como gravidez, cuidados com os filhos pequenos, emprego, vivência própria de doença ou de algum membro da família, processo de envelhecimento e especificidades dessa fase, entre outros.
Diante de tais vivências as pessoas comumente recebiam o amparo da família e da comunidade. Entretanto, as sociedades humanas foram se tornando mais complexas e a urbanização intensificada, impactando no distanciamento destes laços familiares e comunitários, caracterizados anteriormente como fortes, possibilitando agora que experimentem a desproteção social.
Nesse cenário, o estado entra como aquele que garante o direito aos cidadãos, como tratado no início. Por isso o advento no Brasil do Sistema Único de Assistência Social, o SUAS, com o foco na proteção social dos indivíduos e suas famílias.
A proteção social no SUAS é pensada em dois âmbitos: a proteção social Básica e a Especial. A Básica é a porta de entrada das pessoas na assistência social e, verificando-se a vivência de situações mais complexas, como violência ou ameaça de rompimento de vínculos entre os membros familiares, a demanda caracteriza-se como pertinente à proteção social especial.
A psicologia compõe as equipes tanto da proteção social básica quanto da especial, contribuindo com o olhar da ciência psicologia para as situações enfrentadas pela família e indivíduos. A atuação visa transpor as vulnerabilidades vivenciadas através de orientações e encaminhamentos para acesso a direitos, bem como reflexões objetivando fortalecer a função protetiva entre os membros da família. Assim, pode contribuir na ampliação de recursos internos destes e possibilitando a autonomia e independência.
A proteção social básica é ofertada através do Centro de Referência da Assistência Social, o CRAS, disponível em cada cidade do nosso país, para atender e orientar nessas situações descritas e você pode encontrar um psicólogo social à sua disposição para auxiliar nesse momento.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL(2006). Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome. Secretaria nacional de Assistência Social (SNAS). Proteção Básica do Sistema Único de Assistência Social. Orientações Técnicas para o Centro de Assistência Social – CRAS. Brasília.
WOLF, Paulo José Whitaker; OLIVEIRA, Giuliano Contento. Texto para discussão. IE, Unicamp, n.288. mar.2017.
PROGRAMA ITAÚ SOCIAL UNICEF. O que é Proteção Social. 2015. Disponível em: https://youtu.be/sdXEZD3EkiM . Acesso em: 05 jun.2021.
Monica Aparecida Galocio Dias
• Psicóloga CRP 06/76542
• Especialista em Psicologia Social pelo Conselho Federal de Psicologia
• Pós-graduada em psicanálise de grupo, casal, família e instituições
• Psicóloga Social no Cras na Prefeitura Municipal de Americana-SP
• Atuou como psicóloga social na Prefeitura Municipal de Conchal-SP e no CREAS no CEPROSOM – Limeira-SP
• Atuou como Psicóloga clínica na Unimed Americana, Nova Odessa e Santa Bárbara D’Oeste;
• Atuou com Psicóloga educacional na Prefeitura Municipal de Sumaré
• E-mail: monicagalocio@yahoo.com.br
• Whatsapp: (19) 99153-3132
PS: Nenhum texto substitui a consulta com a psicóloga.